Apesar
de tocar violão, sempre fui músico sofrível. Não sei se por displicência ou
falta de tato com o instrumento. Entretanto, tenho pensado em praticar, ainda
mais porque a Malulinha parece que leva jeito para coisa. Tanto é que, assim
que começo a entonar 'Não deixe o samba morrer', minha filha pega logo o
pandeiro e me acompanha. Incrível é que ela faz isso com apenas um ano, como se
saída da bateria do Salgueiro, escola de samba de quase toda a família.
Quanto
à habilidade de desenhista, creio que até me saio bem. Todavia, não é algo que
me atraia e, por isso, quase sempre a deixei de lado. Bem, isso até há pouco,
pois a Malulinha sempre me entrega um giz de cera e balbucia do seu jeito próprio.
— Hum!
Hum! Hum!
E lá vou eu desenhar um cachorro ou uma figura geométrica qualquer.
No entanto, quando desenho um rosto de gente, a Malulinha logo o reconhece como
sendo da minha amada Dona Irene.
—
Mamã! Mamã!
Não
sei se você já brincou de "Dedo mindinho, seu vizinho, maior de
todos...", que invariavelmente termina com o boi subindo o morro até a
axila da pessoa. Pois é, a Malulinha, mal acorda, já estica a mão em minha
direção, enquanto me convida com aquele seu jeito peculiar.
—
Hum! Hum! Hum!
Ah,
como gostaria de sentir cócegas! Se bem que tenho conseguido disfarçar, o que
provoca gargalhadas deliciosas na Malulinha. E ela não se contenta com uma,
duas ou cinco repetições. Sem problema, mesmo porque parece que eu me divirto
ainda mais, como se fosse ainda aquele menino brincando, seja nas areias de
Copacabana, seja na casa dos meus padrinhos, seja esfolando o dedão do pé ou
ralando os joelhos na rua ou, então, no tapete quase persa da minha avó. Que
saudade! E que bom que estou revivendo tudo isso com a minha garotinha.
- Nota de esclarecimento: A crônica "Revivendo meu tempo de menino" foi publicado por Notibras no dia 24/3/2025.
- https://www.notibras.com/site/sem-bananeira-ou-laranjeira-revivo-os-8-anos-brincando-com-malulinha/
Nenhum comentário:
Postar um comentário