A mulher, quando
atingiu a maioridade dos idosos, passou a chefiar um bloco de bate-bola, que
tocava o terror durante o carnaval. A gangue era formada principalmente por
gente de bem... Quer dizer, bem longe do que a sociedade, hipócrita que é,
espera que seja.
Irreverente como
ela só, Marília não só iniciava os festejos na rua, como comandava a garotada
já passada dos 60 e dava o ritmo da bateria, que era composto por seleto grupo
de músicos do Cruzeiro, provenientes das mais afamadas periferias cariocas. É verdade
que entre os bambas havia o João Carlos, vulgo Fraldinha, que foi aceito na
patota, apesar de ser menor de 40. No entanto, não pense você que aquilo era
apadrinhamento, mesmo porque o moleque era o rei da cuíca.
Durante a passagem
do bloco, ninguém atravessava até que a cerveja batesse no tampo. Também não
havia quem fizesse reclamação ou, ao menos, não estava com ânimo para
discórdia. Todas as pendengas já haviam sido resolvidas no caminho, e até a
polícia respeitava. Bate-bola na pista, que fosse fazer ronda em outro lugar.
Tempos idos, cujas histórias ainda
são contadas pelo único sobrevivente daquela era. Fraldinha, hoje cada vez mais
perto de fazer companhia à Marília no Cemitério Campo da Esperança, onde também
repousam outros foliões de outrora, adora contar causos sobre o antigo bloco de
bate-bola.
O sambista também é afamado conquistador, inclusive de mulheres comprometidas. Não se sabe como o sujeito não morreu de morte matada, haja vista tantas navalhadas que passaram próximas, algumas até atingindo as carnes. Dois tiros de raspão, além de rei da cuíca, parece que o gajo tem o corpo fechado.
- Nota de esclarecimento: O conto "Nem toda Marília é de Dirceu" foi publicado por Notibras no dia 1º/3/2025.
- https://www.notibras.com/site/cruzeiro-tem-causos-de-carnaval-de-arrepiar-com-patota-acima-dos-60/
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