Creio que todos nós temos nossos medos. Pois bem, também cá tenho os meus: tortura, fascismo, milícia. Já de tubarão, confesso que não sinto medo. Tenho mesmo é pavor!!!
No entanto, até como um
possível contrassenso, adoro praia. E foi justamente por conta disso que
desenvolvi na minha mente covarde a técnica da isca. E confesso que a utilizo
até mesmo na praia de Copacabana, onde nunca houve um ataque de tubarão. Aliás,
esse lance de nunca talvez seja um exagero, mas não sei ao certo.
Mas o que seria essa tal
técnica da isca? É bem simples: toda vez que vou entrar na água, sempre observo
se há outras pessoas tomando banho. Então, entro quase não aparentando medo.
Obviamente que dou aquela molhada nos pés e nos pulsos, como se estivesse
preparando o meu corpo para as diferenças de temperaturas entre a água e o ar,
que no Rio são gritantes.
Pura interpretação de
alguém tentando disfarçar o pavor de dar um mergulho entre as ondas, já que não
consigo tirar da mente que logo ali vai ter um bicho de não sei quantos metros,
com a boca cheia de dentes afiados, querendo atacar justamente este que escreve
essas palavras tão covardes. Sou mesmo covarde!!! Nossa, que liberdade poder
escrever que tenho pavor de tubarão!
Todavia, estou aqui para
contar a técnica que desenvolvi. Pois bem, nunca sou o cara mais distante na
água. Aliás, chamo esse indivíduo corajoso de isca. É simples assim, pois tive
que desenvolver, na minha imaginação doentia, um artifício para conseguir dar
aquele mergulho na praia.
Por isso, penso que,
caso haja um tubarão por perto, ele vá preferir degustar as carnes justamente
daquele outro humano que fica lá no fundo. Seja como for, agradeço todos os
dias por existirem muitas iscas, algumas mais corajosas que outras. Sem elas,
eu não colocaria nem a pontinha do meu pé na água e, provavelmente, teria que
levar um baldinho para poder me molhar ali mesmo na areia da praia.
- Nota de esclarecimento: A crônica "A isca" foi publicada por Notibras no dia 26/1/2024.
- https://www.notibras.com/site/tubarao-tortura-e-milicia-formam-um-medo-so/