Aquela confraternização acontecia desde
1986, quando o país, finalmente, começou a respirar ares de democracia.
Ressabiados que eram, as conversas continuaram em tom de bossa-nova, baixinho,
baixinho, baixinho... Levou tempo, até que o Silva, naqueles idos vivinho da
Silva, começou a aumentar o tom. Não tardou, os companheiros se sentiram
desinibidos e confiantes após mais de duas décadas de repressão.
Alguns causos foram contados naquele fim
de tarde e, dependendo do locutor, eram mais curtos ou deveras extensos. Aliás,
o Armando, famoso por ser muito mais prolixo do que poliglota, abusou dos
verbetes encontrados no livro do primo do Sérgio Buarque. Enquanto isso, o
Wenceslau, a Marta e o Chefe fingiam prestar atenção, já que ninguém queria
arrumar pendengas com o colega.
Alheio àquilo tudo, mesmo porque já
conhecia todas as histórias do Armando, Cassiano trocava figurinhas com a
caçula da trupe, Cecília Baumann, a Ceci. Esta, por sua vez, falava ao celular
com o Daniel Marchi, que, entre seus felinos e o pequeno Francisco Filipino,
tentava buscar inspiração para mais um dos seus contos. Foi aí que o Mathuzalém
começou a enaltecer a mais nova colunista do Notibras, a Dona Irene.
O Chefe, que não
perde oportunidade, resolveu fazer uma ligação de vídeo para a colega de última
hora. A Dona Irene levou um tempo para atender, pois, segundo consta, estaria
trocando a fralda da filha, a Malulinha.
— Oi, Chefe!
— Ouça o que o
Mathuzalém tá falando de você.
O antigo jornalista,
então, repetiu palavra por palavra para que a Dona Irene pudesse se inteirar.
Mas eis que a moçoila, vaidosa que é, surpreendeu a todos.
— Mathuza, por
favor, se quer elogiar, faço questão de elogios rasgados.
- Nota de esclarecimento: A crônica "Encontros de antigos e novos jornalistas" foi publicada por Notibras no dia 25/4/2025.
- https://www.notibras.com/site/encontro-de-antigos-e-novos-jornalistas-com-um-brinde-a-dona-irene/
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