segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Para Maria Luiza (Poema de autoria da poetisa Dona Irene)

Primeiro foi um traço,

um sopro no exame,

e meu coração aprendeu

a bater em compasso duplo.


O milagre cabia em silêncio,

até que o som veio:

um tambor minúsculo,

um coração que já me guiava.


O corpo ganhou contorno,

as mãos começaram a se desenhar,

e quando soube quem você era,

dei nome ao amor que crescia.


O rosto que vi pela primeira vez

me fez acreditar em eternidade.

Depois vieram os sons quebrados,

os balbucios que dançavam

até que, entre eles, surgiu um chamando mamãe.


E eu me tornei inteira.

Mas nada:

nem o primeiro choro,

nem o primeiro passo,

nem o primeiro abraço,

é tão imenso quanto vê-la agora,

ser quem é.


O mundo refletido em seus olhos,

o jeito de ver estrelas

onde eu só via o teto,

a invenção de palavras novas,

a coragem de ser diferente.


Eu olho e aprendo.

Minha filha não é só minha:

É dela mesma

e é do mundo.


E eu sigo ao lado,

com o coração expandindo,

orgulhosa,

espantada,

agradecida. 

  • Nota de esclarecimento: O poema "Para Maria Luiza", de autoria da poetisa Dona Irene, foi publicado no Café Literário do Notibras no dia 22/9/2025.
  • https://www.notibras.com/site/para-maria-luiza/

Nenhum comentário:

Postar um comentário