Primeiro foi um traço,
um sopro no exame,
e meu coração aprendeu
a bater em compasso duplo.
O milagre cabia em silêncio,
até que o som veio:
um tambor minúsculo,
um coração que já me guiava.
O corpo ganhou contorno,
as mãos começaram a se desenhar,
e quando soube quem você era,
dei nome ao amor que crescia.
O rosto que vi pela primeira vez
me fez acreditar em eternidade.
Depois vieram os sons quebrados,
os balbucios que dançavam
até que, entre eles, surgiu um chamando mamãe.
E eu me tornei inteira.
Mas nada:
nem o primeiro choro,
nem o primeiro passo,
nem o primeiro abraço,
é tão imenso quanto vê-la agora,
ser quem é.
O mundo refletido em seus olhos,
o jeito de ver estrelas
onde eu só via o teto,
a invenção de palavras novas,
a coragem de ser diferente.
Eu olho e aprendo.
Minha filha não é só minha:
É dela mesma
e é do mundo.
E eu sigo ao lado,
com o coração expandindo,
orgulhosa,
espantada,
agradecida.
- Nota de esclarecimento: O poema "Para Maria Luiza", de autoria da poetisa Dona Irene, foi publicado no Café Literário do Notibras no dia 22/9/2025.
- https://www.notibras.com/site/para-maria-luiza/
Nenhum comentário:
Postar um comentário