O patrão resmungava aos quatro ventos. Cadê o miserável do Tonho? Que desculpa iria inventar naquele dia. Atrasou? De novo? Que acordasse antes da cidade inteira, mas que chegasse a tempo.
O ônibus quebrou?
Entrou em greve? Problema dele! Quem mandou morar tão longe? Por que não se
mudava para aqui no bairro? Que os aluguéis daqui não eram para sua gente, não
era problema do patrão.
De hoje não
passa! Vai pro olho da rua! Tá pensando que aqui é a casa da mãe Joana? Pois vá
tirando o cavalinho da chuva!
Tonho morreu. Chegou a
notícia logo após o almoço. E ainda por cima me apronta mais essa? Embrulhou
meu estômago!
O patrão nem se deu
ao trabalho de perguntar como foi, se atropelado, se de tiro, se de infarto ou
qualquer doença própria desse povo. Maior desgraça era a do patrão, que teve
que fazer a vez do empregado.
Tonhão morreu
hoje? Só falta esse desgraçado me deixar na mão amanhã também. Se o traste
não me aparecer aqui com uma boa explicação, o olho da rua é a serventia da
casa!
- Nota de esclarecimento: O conto "O patrão e o empregado" foi publicado por Notibras no dia 1/6/2024.
- https://www.notibras.com/site/chefe-que-fala-sozinho-vira-doido-de-hospicio/
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