A mulher estava
acompanhada da Arlete, sua amiga de longa data, com quem guardava raras
semelhanças e quase todas as diferenças. Talvez, por isso mesmo, as duas se
davam tão bem na maior parte do tempo. Não que isso fosse uma verdade absoluta,
como também estava longe de ser uma flagrante invencionice.
Arlete, sejamos sinceros,
guardava uma pontinha de inveja da quase irmã, mas nada que passasse de mera
admiração por qualidades que enxergava em quase ninguém além da outra. A maior
delas, provavelmente, era a audácia. Sim, isso mesmo! Audácia! Afinal, de nada
vale o otimismo se não acompanhado da gana de ir atrás do que se deseja.
Na manhã seguinte, Arlete
encontrou Stella com um sorriso maior do que a cara ali sentada à mesa do canto
na padaria onde o bonitão trabalhava. Por que tamanha felicidade àquela hora? O
relógio ainda teria que percorrer um longo caminho até dar 8 horas. Será que
havia conseguido seu intento? Não era possível, haja vista, na noite anterior,
tê-la acompanhado até seu apartamento, onde pediram uma pizza e assistiram a um
filme até tarde.
Arlete se lembrava
que havia ido embora quando já era quase meia-noite. No entanto, antes que
pudesse questioná-la, eis que o balconista se dirigiu até a mesa ao lado, onde
serviu um casal de idosos. Em seguida, o rapagão se virou e lançou um sorriso
para Stella. Depois, ele retornou para o balcão, enquanto, finalmente, Arlete,
mais curiosa do que nunca, quis saber o que estava rolando.
— Ele me convidou para
tomar sorvete mais tarde.
— Como assim? Do nada?
— Hum. Usei um antigo
ensinamento da minha saudosa vovó.
— O que você aprontou,
Stella?
— Pedi um café.
— Não entendi. Um café? E
o que tem isso a ver?
— Amiga, café torna tudo
possível!
Nota de esclarecimento: O conto "O desejo de Stella" foi publicado por Notibras no dia 9/6/2024.
https://www.notibras.com/site/cafe-vira-canto-da-sereia-para-papo-de-pombinhos/
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