—
Acorda, Rubens, que não vou viver pra sempre!
— Mãe,
tá cedo. Nem é meio-dia ainda.
—
Olha, que vai acabar perdendo esse emprego que te arrumei.
—
Relaxa, mãe!
— Quem
relaxa é calça frouxa, Rubens!
Enquanto os irmãos
mais velhos demonstravam resiliência que nem a mãe, Rubens, além de
displicente, era frágil perante os percalços da vida. Tanto é que, naquele
mesmo dia, o rapaz chegou mais uma vez atrasado ao emprego e, como previsto
pela mãe, recebeu o temido bilhete azul.
Como desgraça pouca é
bobagem, calhou da Soraia, namorada de longa data, apresentar o cartão vermelho
para o gajo. Pobre Rubens, voltou para casa destroçado. Mas não antes de afogar
as mágoas no boteco do Juca, famoso pelas cachaças de alambiques clandestinos.
Mal
pisou em casa, Rubens se deparou com a genitora. Ela, que conhecia a cria de
longe, adivinhou o motivo daquele olhar tristonho. Torceu os lábios, como só as
mulheres sarcásticas e sábias sabem fazer.
— Ih,
nem precisa falar. Já sei de tudo! Foi demitido.
—
Sim.
— E
precisa ficar com essa cara de cachorro de rua? Daqui a pouco, você arruma
outro.
— É
verdade.
— Tem
mais coisa, né?
— ...
—
Desembucha, Rubens!
— A
Soraia terminou comigo.
—
Levanta a cabeça, meu filho. A gente tropica, mas não cai.
- Nota de esclarecimento: O conto "Maria Tereza e o filho displicente" foi publicado por Notibras no dia 17/6/2024.
- https://www.notibras.com/site/maria-tereza-da-correicao-no-filho-displicente/
Nenhum comentário:
Postar um comentário