Levantou-se,
foi ao banheiro. Sentada no vaso, pegou o celular e olhou as últimas mensagens.
Nenhuma do Jonas, seu quase namorado. Será que ele não teria gostado do último
encontro que tiveram?
A mente de Judite não parava de conjecturar. Bem
que ela havia percebido olhares invejosos ao seu redor quando Jonas se
aproximou e puxou conversa. O que foi mesmo que ele disse? Nem ela se lembrava,
já que logo se encantou por aquele sorriso cheio de malícia. E aquelas
covinhas? Que homem!
Não dava
para ficar ali por muito tempo. Judite, antes de sair do banheiro, se olhou no
espelho. Deu aquela avaliada na maquiagem. Nada de exagero, apenas o rímel para
realçar os olhos de tom castanho, quase mel.
Retornou
para sua mesa, decidida a se concentrar no serviço. E foi o que fez. Tanto fez,
que a enorme montanha de papéis ficou reduzida a duas folhas. No entanto, ao
olhar para o relógio, percebeu que ele parecia parado no tempo. Será que estava
sem pilha? Não! O ponteiro rodava no ritmo costumeiro.
A mulher
se levantou novamente. Pensou em voltar para o banheiro, mas passou direto pela
porta. Foi até a copa, onde tomou uma xícara de café. Tomou outra e mais outra,
até que apareceu a Simone, colega de trabalho. As duas se olharam, como se
soubessem a agonia da outra. Judite puxou conversa.
— E essa hora que nunca passa!
— Pois é, hoje a hora não tá amiga.
- Nota de esclarecimento: O conto "Judite e o relógio" foi publicado por Notibras no dia 15/4/2024.
- https://www.notibras.com/site/ansiedade-por-pagode-parece-fazer-o-tempo-parar/
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