— Sula, quando é que você vai tomar
juízo?
— Mãe, já basta uma filha ajuizada.
— Pois você deveria seguir o exemplo da sua irmã. Cíntia, corre
aqui pra dar uns conselhos pra Sula.
Essa conversa ouço desde os tempos de criança. Com o
passar dos anos, fui inventando desculpas para não ter que passar por aquele
constrangimento. Dar sermão na minha irmã mais velha? Ih, nem pensar!
— Mamãe, tô atrasada pra escola.
— Mamãe, estou estudando pra prova de amanhã.
— Mamãe, outra hora. Vou acabar perdendo meu
emprego se chegar atrasada.
Obviamente que Sula e eu tivemos nossas
conversas. No entanto, quase sempre foi ela a me dar conselhos, especialmente
em relação problemas que eu teria na vida. É verdade que não passei incólume
por todos percalços, mas sobrevivi e, não raro, recorri ao ombro da minha irmã
e chorei.
Sula, no seu modo de enfrentar os estorvos,
sempre se mostrou extremamente confiante. Não que também não chore, mas a
danada tem uma autoestima maior do que pescoço de girafa. E foi justamente o
que aconteceu por esses dias, quando a família estava reunida para comemorar os
63 anos do papai.
Tia Zulmira, que sempre gostou de provocar a
minha irmã, quis saber como andava o namoro com o Júlio.
— Ih, tia, aquele ali já mandei pastar.
— Sula, por quê? O rapaz sempre me pareceu
tão bom.
— Bom demais pro meu gosto, tia.
— Mas você não tem jeito. Sempre arruma
confusão.
— Tia, um dia sem confusão é um dia perdido.
- Nota de esclarecimento: O conto "Sula, minha irmã mais velha" foi publicado por Notibras no dia 6/7/2024.
- https://www.notibras.com/site/sula-da-um-boi-pra-evitar-uma-briga-mas-se-entrar/
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