O homem, que fazia alguns bicos de
segurança em boates e na mais afamada casa inapropriada da região, cuspia
marimbondos por qualquer besteira. E nem adiantava fazer reclamação na
gerência, pois a polícia recebia o devido quinhão. Além do mais, Geraldão
andava de caso com dona Dirce, proprietária da tal casa da luz vermelha, que
era frequentada até pelo prefeito.
Se nas boates os frequentadores costumavam se
exceder por conta de bebida; no lupanar, de vez em quando, aparecia um
caloteiro. E foi justamente o que aconteceu naquela noite de sábado, quando um
rapazola contratou os serviços da doce Judite. Aliás, não só contratou, mas
usufruiu e, como menino diante de pote de mel, lambuzou-se todo.
Marcolino, o tal rapaz, era conhecido por ser
o caçula do seu Francisco, rico fazendeiro da região. Já deu para perceber que
ao freguês não faltava dinheiro, mas ânimo para pagar pelo trato. Ele, todavia,
alegava que faltava a Judite cumprir algo do acordo, o que a profissional
negava veemente. E, para resolver a contenda, dona Dirce foi chamada.
— Não pago!
— Marcolino, conheço seu pai desde bem antes
de você nascer. Então, você paga!
— Não pago!
— Olha, tá vendo aquele guarda-roupa ali no
canto?
— Hum!
— Pois bem, ele se chama Geraldão.
— E daí?
— Ou você paga o que deve ou, então, ele vai
ter uma conversinha com você.
— Não pago!
O que aconteceu em seguida, ninguém sabe ao
certo. Todavia, parece que a Judite recebeu seu quinhão. Quanto ao Marcolino,
desde a tal conversa que teve com o Geraldão, só paga adiantado. É que o
namorado da dona Dirce é mais grosso que cintura de sapo.
- Nota de esclarecimento: O conto "Geraldão, o namorado da dona Dirce" foi publicado por Notibras no dia 10/7/2024.
- https://www.notibras.com/site/geraldao-cintura-de-sapo-pega-caloteiro-a-unha/
Nenhum comentário:
Postar um comentário