De tantas folhas soltas, todas com garranchos
ininteligíveis, o ainda pequeno Joaquim, todavia agora mais letrado, ouviu
falar, pela primeira vez, em diário. Curioso que era, e determinado ainda mais,
decidiu ter uma conversa seriíssima com o avô.
De tão empenhado na empreitada, tratou de
trajar a melhor vestimenta, já que a situação lhe pareceu um tanto dramática.
De camisa de algodão com bolinhas coloridas, short azul, meias brancas e um par
de Conga novinho, Joaquim se sentiu apresentável para tamanha missão.
O garoto, no entanto, carregava a dúvida se
o parente saberia o que era um diário. Confabulou com seus botões durante uma
manhã inteirinha até que, finalmente, perguntou para o avô se ele disporia de
alguns minutos. O velho, obviamente, assentiu.
— Claro que sei o que é um diário, Joaquim.
— Então, será que o senhor poderia me dar um?
É que preciso de um pra escrever.
—
Mas isso é coisa de menina, Joaquim.
— Escrever?
— Diário.
— Escrever pode?
— Pode.
— Num diário?
— Num caderno!
— E o senhor me dá um?
— Um caderno?
— Sim.
— Claro que dou, Joaquim.
A criança agradeceu ao avô e, já na porta,
virou-se e, com um sorriso maroto, disse:
— Vovô, mas quero um caderno diário,
hein?!
- Nota de esclarecimento: O conto "Joaquim e o diário" foi publicado por Notibras no dia 26/9/2025.
- https://www.notibras.com/site/joaquim-e-o-diario/
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