Eliosmar fora internado compulsoriamente diversas vezes. Incontáveis. Provavelmente, nem mesmo as inúmeras páginas do seu prontuário médico seriam capazes de sabê-las por completo. Mas eram muitas, muitas de verdade e sem precisar inventar uma ou outra, já que a quantidade, por si só, era espantosa sem qualquer maquiagem.
Mas eis que lá estava Eliosmar trancafiado naquela cela com mais 32. Sim, um total de 33, idade de Cristo. Deus me livre! Imagine você confinado em um espaço do tamanho de um quarto com três dezenas mais três. Desumano. Ah, mas ninguém ali é santo. E daí? Por causa disso precisa viver no inferno?
Eliosmar, alcoolista desde que um tio começou a lhe oferecer a inocente espuma de cerveja. Ninguém teve coragem ou ímpeto de dizer não. Ah, era apenas espuma. Melhor aprender em casa, com quem quer o seu bem. Seis anos, foi quando o agora detento experimentou pela primeira vez. E foi tarde, já que os primos, precoces que eram, para dormirem naquela paz, recebiam mamadeira batizada.
Pior mesmo foi uma tia solteirona. Inventou de dar uns tapas no cigarro do Capeta. Mas isso foi antes da descriminalização. Bandida! E, ainda por cima, aparenta aquela tal normalidade dos inocentes, como se não assumisse as próprias falhas. Antes tivesse bebido.
Mas voltemos ao Eliomar, pois falar de gente criminosa não é o meu forte. Perco logo as estribeiras e falo o que não devo. Pobre rapaz, matou a namorada por ciúme. Também, quem mandou cumprimentar um colega na saída do trabalho? Precisava daquilo? Pois é, por causa daquela adúltera, o meu menino, que ainda nem completou 40 anos, vai passar uns bons anos na cadeia. Maldita rapariga!
- Nota de esclarecimento: O conto "Pobre Eliosmar" foi publicado por Notibras no dia 13/9/2025.
- https://www.notibras.com/site/pobre-eliosmar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário