A equipe, composta por Rupereta, o delegado, Gilmarildo, o
escrivão, além dos agentes Ricky Ricardo, Evelina, Pedrito, Jean Paul e o tal
preguiçoso, já estava a postos para combater a criminalidade na região de
Sobradinho, bucólica cidade do Distrito Federal. Entretanto, tudo parecia
caminhar para mais uma jornada tranquila, já que o delegado-chefe, Bruno
Bondonado, após promover várias operações de sucesso, havia conseguido
transformar a localidade na Suíça do Cerrado.
Diante de tamanho apaziguamento, Rupereta
decidiu fazer um mimo para a equipe e, então, chamou o Pedrito para irem até a
padaria comprar pão de queijo, empadinhas, coxinhas e refrigerante, pois a
ocasião merecia. E, quando o delegado e o agente já estavam na viatura, eis que
surgiu um esbaforido Santana querendo ir também.
Mal sentou no banco de trás da viatura, o
Santana começou a empestear o ambiente com a descontrolada flatulência, o que
obrigou os colegas a abaixarem os vidros em busca de ar saudável. E,
fingindo-se de inocente, quis jogar a culpa no outro policial.
— Por acaso comeu ovo podre, Pedrito?
Para evitar imbróglios desnecessários, o injustamente
acusado preferiu o silêncio até que, cinco minutos depois, estacionou o veículo
em frente à panificadora. Ele e Rupereta desceram para comprar os quitutes, enquanto
Santana preferiu fumar encostado à lataria. E ficou ali dando suas baforadas,
quando Cascão, conhecido morador da área, passou e o cumprimentou.
— Bom dia, seu Zé Galinha!
Vale aqui uma pausa no desenrolar da
história. É que, não se sabe por qual motivo, o Santana havia ganhado esse
apelido. Alguns diziam que era por causa de seu modo galanteador com as moças
da casa da luz vermelha. Outros, todavia, apostavam que o motivo era que o
gorducho policial adorava degustar uma coxa de galinha. Seja por qual motivo
fosse, o resultado daquela saudação não poderia ter sido mais desastrosa.
— Tá maluco, Cascão?
— Não entendi, seu Zé Galinha?
— Zé Galinha é a mãe!
E a coisa não parou por aí, pois, assim que o
delegado e Pedrito retornaram com as sacolas abarrotadas, encontraram o Cascão
dentro do cubículo da viatura. Surpresos, eles se entreolharam, como não
acreditando naquilo. O que teria acontecido em pouco mais de dez minutos?
— Doutor, esse facínora me xingou.
Para não causar ainda mais confusão em frente
ao comércio, Rupereta disse para o Pedrito tocar a viatura até a delegacia,
onde pretendia solucionar aquele mal-entendido. E, utilizando-se de toda sua conhecida
diplomacia, o delegado pareceu colocar panos quentes na situação.
— Ô, seu Zé Galinha, eu só quis ser educado com o senhor.
— Zé Galinha é a mãe! Já te falei isso!
— Calma, Santana, o Cascão só quis ser educado.
— Doutor, esse aí é um cínico. Isso, sim!
— Santana, você quer passar o plantão todo com o Cascão na cela ou
prefere comer as coisas que comprei?
O policial olhou para o desafeto, voltou os olhos para as delícias sobre
a mesa e, então, decidiu.
— É, doutor, o senhor tem razão. Pode liberar o meliante.
E assim foi feito. Mas eis que o Santana, com duas empadinhas de frango
na boca, quase teve um treco. É que o Cascão, já fora da delegacia, começou a
correr, bater os braços, como asas fosse, e gritar:
— Cocoricó! Cocoricó! Cocoricó!
- Nota de esclarecimento: O conto "Santana e o apelido que pegou" foi publicado por Notibras no dia 2/9/2025.
- https://www.notibras.com/site/santana-e-o-apelido-que-pegou/
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