— Você viu?
— O quê?
— Ih, já vi que tá comendo mosca.
— E eu lá sou gato de comer mosca,
Frodo?
— Anúbis!
— Hum. Pelo que me recordo, aquela
sua dona só te chamava de Frodo.
— Nunca tive dona. Sou das ruas,
Farofinha.
— Que mané Farofinha! Amon!
— Hum. Ué, mas e aquele gordão do
boteco da esquina?
— O que tem ele?
— Só ouço o gordão falando:
"Cadê o meu Farofinha?"
— Ele é um bobalhão. Nem desconfia que fui
eu que comi o canário dele. Até hoje o sujeito fica assobiando na vã esperança
de um dia o bicho voltar.
— Hum.
— Que foi, Anúbis?
— Tava gostoso?
— O canário?
— É.
— Muita pena e pouca carne. Nem deu
pro cheiro.
Os dois voltaram a olhar
a rua. Nenhuma palavra, até que o silêncio foi interrompido por uma voz
conhecida.
— Frodo! Frodo!
Froooooodoooooo! Cadê você, meu fofinho?
Era a moradora da casa da esquina.
Nisso, os dois gatos se encararam por um instante, até que Anúbis se espreguiçou
e saiu se equilibrando pela mureta até ganhar a calçada. Se ele olhasse para
trás, perceberia o sorriso sarcástico do amigo.
Amon ficou por ali por mais algum
tempo, até que começou a se sentir entediado. Bocejou, espreguiçou-se e, num
salto elástico, chegou à calçada. Caminhou em direção oposta à do amigo até se
esbarrar nas pernas do dono do boteco.
— Farofinha, seu danado!
Por onde tem andado? Vem cá, que tenho uma sardinha pra você, meu moleque.
- Nota de esclarecimento: O conto "Frodo e Farofinha" foi publicado por Notibras no dia 2/1/2025.
- https://www.notibras.com/site/editoria/quadradinho-em-foco/
Amo os gatinhos. Tenho uma chamada Maia, esses dois aí tiveram uma prosa animada.
ResponderExcluirLuiza, parece que muitos poetas e escritores são apaixonados por gatos. O Daniel Marchi é um. Ele tem um lindo gato branco chamado Juca. Apesar de adorar os gatos, tenho mais afinidade por cães. Muito obrigado pelo comentário!
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