— Décima terceira delegacia de polícia,
agente Felipe, boa noite.
— Boa noite, seu policial. Um bando de arruaceiros
está aprontando uma quizumba aqui ao lado. São traficantes se passando por
evangélicos. Traficantes de droga pesada!
Depois de anotar o endereço, Felipe repassou
a informação para o chefe do plantão, Ricky Ricardo, que não teve
dúvida. Diante da denúncia, a equipe precisava ir até o local averiguar a
situação. Ricky Ricardo, Santana e Felipe entraram na viatura e, não demorou,
Pedrito tomou o volante. Em pouco mais de dez minutos, o quarteto fantástico
chegou ao local, onde constatou que havia mesmo uma papagaiada em um galpão de
madeira.
Ricky Ricardo falou para o
Santana e o Felipe irem a pé até a construção para tentarem descobrir o que
estaria realmente acontecendo. Contrariado, o antigão desceu da viatura e,
acompanhado do novato, foi resmungando até chegar perto da suposta igreja.
Santana tratou de colar a orelha direita na parede e ouviu vozes ininteligíveis
vindas do interior. Não teve dúvida, voltou correndo para a viatura e,
esbaforido, quase não teve fôlego para informar sua descoberta.
— Ricky,
tá todo mundo doidão! Tá todo mundo cheio de droga na cabeça!
Ricky
Ricardo, então, chamou os colegas e disse que eles iriam invadir o local e
prender todos os facínoras. Santana pegou a escopeta no banco de trás e tomou a
dianteira. Ricky ainda tentou chamar o colega, que nem deu ouvido. Dessa forma,
Ricky Ricardo, Pedrito e Felipe apressaram o passo. No entanto, não foram capazes
de impedir que o companheiro, com um pisão, arrombasse a porta e, já dentro do ambiente,
desse dois tiros para o alto, destruindo o teto.
Gritos de desespero
daquela gente no recinto, que, na verdade, não estava fazendo uso de tóxicos,
como também não era traficante. O motivo da fala desconexa era que o pastor e
os fiéis estavam falando em línguas. Quanto ao teto esburacado, Ricky Ricardo precisou
fazer uso da sua boa lábia para contornar a situação.
— Pastor,
estávamos no encalço de traficantes, que rumaram para esta região. Parecia que
eles haviam entrado aqui, mas nos enganamos. Desculpe pelo susto e pelo estrago
na sua igreja.
— Seu policial,
nós que agradecemos por vocês protegerem a nossa comunidade. Quanto ao teto,
não se preocupe. Deus é tão bom, que nos presenteou com um Céu de estrelas
hoje. Mas se você e seus companheiros quiserem contribuir para que possamos
consertar o teto, nosso templo agradece.
Sem ter para onde correr, Ricky Ricardo
e os outros policiais trataram de meter a mão nos bolsos e deixar uma polpuda
quantia. Em seguida, entraram na viatura e rumaram para a delegacia. Todavia, o
Santana não escapou de ouvir impropérios dos outros agentes, inclusive do
Felipe.
— Pô, Santana, que barafunda você nos
meteu!
- Nota de esclarecimento: O conto "Santana e a barafunda" foi publicado por Notibras no dia 10/1/2025.
- https://www.notibras.com/site/policiais-caem-em-trote-destroem-igreja-e-pagam-conserto-do-proprio-bolso/
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