Pois a última confusão que Agnaldo se meteu
foi na semana passada, quando acompanhou Jurema, a esposa, até o supermercado.
E lá estava ele empurrando o carrinho de compras, enquanto a mulher pegava
cinco quilos de arroz, dois de feijão, algumas laranjas, alface, tomate, limão,
farinha de trigo... A lista era enorme.
Foi num momento de distração de Jurema que o
marido surrupiou uma barra de chocolate e a meteu no bolso do casaco. Ele abriu
um sorriso de satisfação, como se o Flamengo tivesse sido favorecido pela
arbitragem mais vez. O problema é que o gajo foi flagrado por um vigilante, que
ficou de olho.
Após passar pelo caixa, lá
foi o casal em direção ao carro. Foi nesse exato momento em que o vigilante do estabelecimento
abordou o Agnaldo. Pego em flagrante, o homem não conseguiu inventar desculpas.
Em seguida, a polícia foi acionada e conduziu o cleptomaníaco para a
delegacia.
Conversa daqui, conversa dali, conversa até de acolá, o
delegado arbitrou fiança de dois mil reais. Jurema ainda tentou demover a
autoridade policial daquele valor exorbitante, ainda mais levando em conta que
a barra de chocolate não custava nem dez reais.
— Minha senhora, a fiança não leva em conta apenas o valor
do item furtado, mas da infração penal. O seu marido cometeu um crime e deve
pagar por ele.
— Ele é cleptomaníaco.
— E daí? Sou tricolor e não saio por aí
pegando o que não é meu.
Jurema, percebendo que não adiantava
continuar naquela discussão infrutífera, foi sacar a quantia da fiança. Furiosa
que estava, pegou todas aquelas notas e as trocou por moedas. Colocou tudo numa
sacola e retornou para a delegacia.
— Aqui estão os dois mil. Agora solte o meu
marido.
O delegado olhou espantado para aquela
quantidade enorme de moedas. Nem pensou em reclamar. Olhou para o Gilmar, o
escrivão, que passou um bom tempo contando aquela quantia.
— Doutor, faltam dez
centavos.
O delegado, furioso com
aquilo, mas querendo se livrar daquela pendenga o mais rápido possível, catou
uma moeda no bolso e a entregou para o escrivão. Não tardou, Agnaldo e Jurema
saíram de mãos dadas da delegacia. Apesar de aliviada pela soltura do marido,
ela passou o dia inteiro com um pensamento fixo: "Ô, chocolate caro!"
- Nota de esclarecimento: O conto "Agnaldo, o cleptomaníaco" foi publicado por Notibras no dia 6/12/2024.
- https://www.notibras.com/site/agnaldo-o-cleptomaniaco-da-asa-sul-vai-para-prisao-por-embolsar-chocolate/
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