quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Juninho, meu amigo da Rural

        Já faz um tempão que me formei em medicina veterinária lá na UFRRJ (Rural), onde, nos últimos semestres do curso, conheci o Juninho. De cara, surgiu aquela empatia e a amizade floresceu. A vida, no entanto, nos levou para caminhos distintos, mas não nos separou, mesmo porque, não importa o quão demore, nos esbarramos por este país imenso chamado Brasil.

        Lembro-me de uma passagem que tivemos lá na Rural. Estávamos no churrasco da minha despedida da universidade, quando o Juninho apareceu com um violão debaixo do braço. Isso, aliás, foi uma surpresa, pois não sabia que ele era músico. E dos bons, como constatei naqueles idos.

         —Edu, tem alguma música que você curta?

         — Tem várias, mas me deu vontade de ouvir "Johnny B Goode". 

          Na verdade, não botei muita fé que ele soubesse tocá-la. Ledo engano, pois o Juninho fez uma performance mais icônica do que as do Chuck Berry e do Marty McFly.

          Depois que saí da Rural, encontrei o meu amigo outras vezes. Numa delas, ele disse que estava a caminho do Tocantins. Anos após, eis que ele me manda uma mensagem dizendo que estava em Manaus. Pois é, Manaus! 

            Há alguns anos, o Juninho me falou que havia se mudado para Vitória e, assim que tive oportunidade, fui visitá-lo. Eu estava passando alguns dias em Guarapari com a Dona Irene e a minha filha do meio, a Mariana, e, então, fomos até a capital capixaba. Momentos de muita emoção, ainda mais porque o Juninho ainda guardava o mesmo violão daquele churrasco lá na Rural. 

                —Durmam aqui em casa, Edu! Tem espaço e, se não tiver, damos um jeito.

             — Não dá, Juninho, pois preciso trabalhar depois de amanhã. E tem muito chão ainda pra chegar. 

                Mais uma vez, meu parceiro e eu nos despedimos. Isso aconteceu há quase dez anos. Promessas de novas visitas, que não se cumpriram, até que, nesses dias, recebi uma mensagem do Juninho.

                    — Edu, tô em Brasília. Se você estiver por aqui, quero te dar um abraço.

              É incrível como as coisas acontecem. Há três anos resido em Porto Alegre. Todavia, por força dos astros, eis que cheguei à capital do país nesses dias para resolver algumas coisas com meus colegas do Notibras. 

              O encontro se deu em um bar na Asa Norte. Muitas recordações, muitas novidades, muitas gargalhadas. O Juninho estava sem o violão, mas prometeu que, da próxima vez, não o esquecerá. Ah, ele está de mudança para outro país. E, assim que nos despedimos, ele gritou:

               —Edu, te espero no Uruguai!

  • Nota de esclarecimento: A crônica "Juninho, meu amigo da Rural" foi publicada por Notibras no dia 5/12/2024.
  • https://www.notibras.com/site/juninho-meu-amigo-da-rural-apareceu-na-capital/

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