Como era sábado, um dos clientes, o Vicente,
resolveu fazer um churrasquinho enquanto esperava o Leopoldo consertar seu
automóvel, um Opala 1973, verde que nem abacate. Colocou carvão na pequena
churrasqueira e ficou por quase meia hora tentando acender o fogo, mas nada.
Nisso, o churrasqueiro de primeira viagem foi buscar socorro no Gilmarildo, que
sempre andava por ali na caça de boa prosa.
— Gilmarildo, tudo bem?
— Opa, Vicente! Tudo certo! E com você?
—
Tudo. Você pode me dar uma força?
— Diga lá!
— Sabe acender fogo?
— Quer incendiar o quê, homem?
—
O carvão ali.
— Hum... Vai rolar um churrasquinho?
— É. Comprei um cupim e uns pés de porco.
Gilmarildo, com toda sua expertise de
churrasqueiro, conseguiu acender o fogo em poucos minutos, para alegria do
colega. No entanto, tal regozijo se transformou em desespero em seguida. É que
o Vicente havia colocado as carnes dentro de uma caixa de isopor, que agora
estava ali tombada e destampada.
— Ué, cadê meu cupim? Cadé meus pés de porco?
- Vicente choramingou.
Busca daqui, busca de lá, busca até de acolá,
mas nada de encontrar a carne. Quer dizer, o Leopoldo, percebendo aquela
quizumba, ficou cabreiro e, bobo que não era, logo percebeu que naquele mato
tinha coelho. Aliás, cachorro!
Não
tardou, o mecânico encontrou o Caneco, o vira-lata da oficina, debaixo do Opala
do Vicente, degustando os pés de porco. Quanto ao cupim, nem sinal. Certamente
já estava no bucho do cachorro.
Para evitar imbróglio com o cliente, Leopoldo resolveu
pedir no açougue ao lado um cupim e quatro pés de porco. Todavia, manteve em
segredo a falcatrua do seu funcionário de quatro patas. Afinal, apesar de
aprontar de vez em quando, era o que lhe dava menos dor de cabeça.
- Nota de esclarecimento: O conto "Cadê os pés de porco?" foi publicado por Notibras no dia 14/11/2024.
- https://www.notibras.com/site/caneco-vira-o-isopor-e-some-com-os-pes-de-porco/
Nenhum comentário:
Postar um comentário