Feriado prolongado. Maria Alice, Júlia, Janaína e Francisco,
primos que eram, se encontraram na casa da avó materna, famosa pelos quitutes e
a macarronada. Nessas ocasiões, o divertimento era garantido, ainda mais por
conta de Maria Alice, que possuía a mente fértil. Tão fértil, que quase sempre
conseguia plantar a sementinha das travessuras nas outras crianças.
Antes do
almoço, os meninos resolveram explorar o amplo quintal da residência da
matriarca. Subiram e desceram todas as árvores do quintal, até mesmo o
abacateiro. Nadaram na piscina com o Sultão, o grande vira-lata da vovó.
Felizes da vida, brincaram até a fome bater. E bateu forte! Tanto é que, assim
que ouviram o chamado da velha, correram desembestados para sentar à enorme
mesa na varanda.
Esfomeada que estava, a molecada raspou o prato, enquanto a
avó sorria aquele sorriso de satisfeita. Pois é, a vovó continuava com a mão
boa. Maria Alice, a líder, foi a primeira a terminar e já lançou aqueles
enormes olhos castanhos em direção à idosa.
— Tem pudim?
— Tem, minha flor.
— Hum!
Aquelas crianças pareciam ser sacos sem fundo, até que, de
tanto comerem, nem uma azeitona cabia mais. Dessa forma, preferiram passar as
próximas duas horas brincando de ludo no tapete da sala. E foi o que fizeram
até que os olhos da Maria Alice brilharam.
— Que tal brincar de pique-esconde?
Tiraram zerinho ou um. Janaína perdeu e teve que contar até
30 para os primos se esconderem. Procura daqui, procura dali, a menina não
conseguia achar ninguém. Até que ela ouviu um estrondo e correu para trás da
casa. Lá estavam os três primos assustados, pois, sem querer, derrubaram o vaso
de flores, que tombou e se espatifou.
Júlia, toda chorosa, disse que a vovó iria
brigar. Francisco, olhos arregalados, parecia ainda mais temeroso de levar uma
bronca daquelas. Mas eis que a Maria Alice, no alto da sabedoria dos seus quase
8 anos, proclamou:
— Vamos colocar a culpa no Sultão.
Ninguém contestou. Todos decidiram que,
caso alguém perguntasse, o culpado tinha sido o Sultão. Tudo combinado, até que
a vovó se deparou com o vaso quebrado. Aparentemente, não deu muita bola.
Afinal, o que era um vaso diante da alegria de ter os netos em sua residência.
Entretanto, por um motivo qualquer, ela chamou o Francisco para conversar.
As três garotas se
entreolharam e foram para a varanda. Ansiosas que estavam, finalmente viram o
primo saindo com um sorriso no rosto. Isso foi o bastante para a Maria Alice
lhe lançar um olhar de desaprovação e, em seguida, falou para as primas:
— É certo que o
Francisco cuspiu os feijões.
- Nota de esclarecimento: O conto "Feriado prolongado na vovó" foi publicado por Notibras no dia 24/11/2024.
- https://www.notibras.com/site/feriado-longo-na-vovo-tem-ate-jarro-quebrado/
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