sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Marilda, minha madrinha e mãe do Daniel Marchi

    

Já falei aqui que sou afilhado dos pais do grande escritor Daniel Marchi, o Dan. Aliás, não apenas afilhado, como também o favorito, haja vista a Marilda e o Celso terem batizado um outro aí, que tem a suspeita alcunha de Luciano. Mas deixemos o gajo de lado, pois hoje quero falar da minha madrinha tão querida, com quem converso quase que diariamente. 

          Nascida na aprazível e bucólica Paraíba do Sul. uma das mais encantadoras cidades do estado do Rio de Janeiro, Marilda mora no bairro do Méier, na capital fluminense, desde os longínquos anos 1960. Não foi fácil a adaptação, mas ela acabou se apaixonando pelo lugar, ainda mais porque vive em uma ampla casa com direito a quintal, carinhosamente chamado de sítio, haja vista a quantidade inimaginável de plantas e animais no local. Sem contar que o muro da propriedade faz divisa com a casa da irmã, a Marlene, com quem minha madrinha troca confidências diariamente através de um buraco feito pelo Celso, o que facilita demais a conversa entre as mulheres. 

          Apaixonada por bichos, a mãe do Dan, caso tivesse seguido carreira, seria uma excelente veterinária. Certamente fui influenciado por ela e, então, virei eu o veterinário. E eis que, além dos costumeiros "Oi, meu afilhado mais lindo do mundo, como vai você, a esposa, as filhotas?", "Bom dia, meu afilhado mais inteligente do mundo, vê se não some, que a sua madrinha está numa correria, mas sempre penso em você.", "Meu afilhado lindo, estou aqui ouvindo o meu Elvis. Como ele é bonito até hoje, né!?", também me pergunta sobre o melhor tratamento para um passarinho de asa quebrada que caiu no quintal ou, então, de um mico-estrela abandonado pelos pais. 

          Entre a correria do dia a dia, a Marilda reclama de modo carinhoso (sim, isso é possível) do marido, do filho e do neto (o Francisco): "Ih, o Celso anda numa preguiça, só vive no sofá. E como está gordo! Também, só come e dorme.", "Meu afilhado mais amado do mundo, não te conto a última do Francisco. Agora o moleque quer ser jogador de futebol. Pode uma coisa dessas? E como é apaixonado pelo Fluminense! E você sabe, né, que a sua madrinha aqui é Vasco desde menina?!", “Edu, o Dan anda numa correria doida. Acorda cedo, leva o Francisco pra escola, depois vai pro escritório, depois vai dar aula à noite. Chega um bagaço e ainda vai escrever. Não sei como é que dá conta. Eita, que cabeça boa ele tem. E não é porque é meu filho, não, hein!"

          Dia desses, para variar, acordei com a voz carregada de sotaque inconfundível da Marilda, que gosto de chamar de Mariiiiiilllllda, que nem meu padrinho faz. O problema era com um filhote de gambá que apareceu todo capenga no "sítio". De tão ruim que o bichinho estava, a minha madrinha pensou que aquele não escaparia. Mas eis que, não tardou, o danado já estava se recuperando e pronto para voltar para a natureza. 

          E, hoje, mais uma mensagem de áudio da Marilda: "Bom dia, afilhado, você e o Dan escrevem livros, e eu salvo gambás." 

  • Nota de esclarecimento: A crônica "Marilda, minha madrinha e mãe do Daniel Marchi" foi publicada por Notibras no dia 3/10/2025.
  • https://www.notibras.com/site/marilda-minha-madrinha-e-mae-do-daniel-marchi/

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