segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Arnaldo e a incógnita do acaso

      

   Arnaldo não acreditou quando Luciana, justamente a mulher mais atraente da festa, se aproximou. Não que ela tivesse demonstrado qualquer interesse nele, se bem que tal hipótese não pudesse ser descartada por completo. Mesmo diante da quase total impossibilidade, o homem guardava em seu íntimo inabalável resquício de esperança. 

          Não se sabe o que teria acontecido com Arnaldo, mas ele pareceu se encher de esperança. Talvez um momento de insanidade, quando se imaginou Alain Delon ou Tarcísio Meira. Seja uma coisa ou nenhuma outra imaginada por este escritor, a verdade, segundo ouvi dizer, é que Luciana resvalou o olhar com o do sujeito. Ele precisou segurar o ímpeto de baixar os olhos, a despeito da costumeira falta de coragem. 

          — Luciana.

          — O quê?

          — Sou a Luciana.

          — Ah, sim! Sou o Arnaldo.

          — Prazer, Arnaldo.

          Desacostumado a ser abordado por mulheres, ainda mais uma que certamente seria destaque em qualquer passarela, Armando sentiu o peito dar fortes sobressaltos. Não porque estivesse tomado de orgulho da própria capacidade de atrair tamanha beldade. Não. Não mesmo! Era simplesmente o coração acelerado implorando para que Armando fugisse daquela incongruência de destinos. 

      Os pés, impacientes, batiam ligeiramente o piso. Não obstante à covardia e provavelmente até por conta dela, não foram capazes de fazer com que Armando inventasse desculpa qualquer e fosse embora. O gajo sorriu tentando demonstrar naturalidade e segurou a mão da mulher.

          — O prazer é todo meu. Aceita uma bebida?

          Arnaldo não entendeu por que Luciana havia se aproximado. Era nítido que ele não era o cara de aparência mais agradável naquele ambiente, tão cheio de gente que carregada de altivez. Seja como for, deixou-se levar pela incerteza e até chegou a imaginar aqueles lábios juntos aos seus. Se isso iria ou não acontecer, resolveu não se desesperar e curtir a noite. Afinal, o desconhecimento entre os dois era recíproco.

  • Nota de esclarecimento: O conto "Arnaldo e a incógnita do acaso" foi publicado por Notibras no dia 11/8/2025.
  • https://www.notibras.com/site/arnaldo-e-a-incognita-do-acaso/

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