— Dan, na verdade, não sou o melhor dos frequentadores de
botequins, mas já ouvi falar que o Beirute é um dos mais tradicionais, além do
finado Otello Piano Bar.
— Edu, e são que nem os do Rio?
— Acho que não. Pelo menos nunca vi ovo colorido por lá. No
Rio, creio que deve ter até decreto para não faltar.
Não que na terra dos candangos não existam os chamados
pés-sujos, mas parece que são similares aos de terras goianas. Entretanto, os
poucos bares que conheci na capital do país, pelo menos aos meus destreinados
olhos de alguém avesso ao gosto de álcool, possuem algo de sofisticação. E até
mesmo as vestimentas dos frequentadores, no geral, estão longe de camisetas,
bermudões e chinelos de dedo, tão característicos na Cidade Maravilhosa.
Por falar em boteco, as mulheres lá de Belo Horizonte
certamente são as maiores frequentadoras e, não raro, superam os homens nesses
ambientes tão divertidos. E não pense você que elas vão lá para beber sucos ou
refrigerantes. Hum! Não mesmo!
Mas voltando aos bares de Brasília, as poucas vezes que fui,
invariavelmente, aconteceu algo que demonstra o pensamento machista da nossa
sociedade. É que, como mencionei, não bebo nem mesmo uma gotinha de álcool.
Entretanto, a minha amada, a famosa e formosa Dona Irene, é chegada a uma
cachaça, seja pura, seja maquiada no formato de caipirinha.
O pedido, quase sempre, é feito pela minha mulher. Geralmente
um destilado e uma água com gás ou suco de laranja sem açúcar. Toda vez, quando
o garçom nos serve, ele coloca a bebida alcóolica para mim. Nessas horas, a
Dona Irene faz questão de inverter os copos na frente do sujeito, que, muitas
vezes, arregala os olhos diante da situação. Isso quando não tenta advertir a
minha esposa.
— Senhora, essa daí é a caipirinha.
— E eu não sei disso? Pois quem bebe aqui sou eu!
- Nota de esclarecimento: A crônica "Um pouco sobre botequins" foi publicada por Notibras no dia 3/5/2025.
- https://www.notibras.com/site/o-dia-em-que-dona-irene-fez-garcom-engolir-machismo-sem-a-gostosa-caipirinha/
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