Todos os dias o menino acordava mais cedo que o Sol. Não importava se o frio estivesse tão frio, ele era arrastado para fora daquela cama puída. Que frio!!! Tão frio, que era capaz até de congelar os dedos quase infantis, apesar da vida demasiadamente calejada.
Apertava os tetos das vacas, o leite esguichava no balde aos pés rachados, quase descalços, se não fosse por aquela botina cheia de buracos. Dali, o menino acompanhava o pai, que já estava alimentando os porcos. Depois tratavam das galinhas, remendavam a cerca, cuidavam da horta.
Chegava o domingo, o menino rezava para não precisar se levantar tão cedo. Não que fosse muito religioso, mas gostava de ir à igreja, onde podia adormecer por alguns instantes no colo da mãe.
_ Pai, por que a gente precisa trabalhar no domingo?
_ Filho, porco e vaca não vão à missa!
- Nota de esclarecimento: O texto "Menino da roça" foi publicado pelo Notibras no dia 01/03/2023. Por questões relacionadas à redação do jornal, essa crônica foi levemente alterada para se passar no Distrito Federal.
- https://www.notibras.com/site/nem-missa-salva-menino-da-roca-de-trabalhar/
Vida de roceiro é vida sofrida. Labuta o dia inteiro.
ResponderExcluirGil, isso mesmo!!! E tem gente que pensa que a vida no campo é algo tranquilo. Ralação tremenda!!! Abração!!!
ExcluirPra quem não faz nada é tranquilo.
ResponderExcluirPra quem só curte é uma maravilha.
Minhas férias, depois que viajava, geralmente para o Rio, o restante das férias, passava na roça.
Ô, maravilha!
Mesmo com as obrigações, ainda sobrava muito tempo pra brincar.
Todas as crianças tinham as tarefas, uma semana lavava a roupa, a outra tomava conta da cozinha.
Eu, com sete anos, fui obrigada a aprender cozinhar, mas não era comida comum, era comida pra levar para os trabalhadores. Muita comida, panelada e mais panelada de
comida.
Mas eram contados os dias pra chegarem as férias.
É muito trabalho, mas é bom demais!
Maria Lúcia, se você está falando, está falado e pronto!!! Beijo carinhoso, minha amiga eterna!!!
ExcluirSensacional. Infância do meu pai. Grato pela educação que tivemos.
ResponderExcluirRenato, que bom que o texto o tocou de alguma forma! Forte abraço!!!
ExcluirExcelente texto! Mostra a vida no campo de quem realmente produz o alimento.
ResponderExcluirÉverson, muito obrigado pelo comentário! Pois é, os que produzem alimento que realmente consumimos levam uma vida mais ou menos assim. Forte abraço!!!
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