Ganhou roupinhas, sapatinhos, colarzinhos, brinquedinhos dos mais variados. Diante de tantos presentes, a cachorra gostava mesmo era do ossinho. Roía o dia inteiro, até que chegava a hora de passear. Corria com a cara mais feliz e se postava diante da porta. O casal sorria e, admirado, dizia: "Nossa, como a Bebel é inteligente!"
Já na calçada, todos olhavam para aqueles três. A mulher, orgulhosa da filha, lançava sorrisos ao vento. Não que o marido fosse muito diferente, mas era contido. No entanto, a tudo observava, tanto é que estufafa o peito como se tivesse ganho a maratona nas olimpíadas. Por sua vez, Bebel também representava divinamente o papel que lhe cabia. A danadinha, quase saltintando, desfilava todo o seu glamour e, ao passar, despertava o despeito dos vira-latas em situação de rua.
Essa rotina de passeios pelo bairro e, em seguida, repousos prolongados em fofas almofadas era tudo o que a Bebel desejava. Como parecia feliz aquela cachorra! A realeza em forma de buldogue. Nada além do que o melhor dos mundos para quem lhe é de direito.
Das almofadas para as largas calçadas e, em seguida, de volta ao aconchego do lar, doce lar, onde a filha única poderia se deliciar com aquele osso. Roía, roía, roía. De tanto roer, acabava adormecendo com o osso na boca. O ronco vinha fácil. Tão fácil, que ela nem percebia quando acordava horas após e nem se dava conta que havia adormecido. Dava mais algumas roídas, o ronco não tardava a tomar conta de todo o ambiente.
Pois foi num desses passeios pelo bairro que o casal se deparou com um parque. Não um parque de balanços e gangorras. Não. Era um grande gramado todo cercado, onde cães de diversas raças ou não corriam desembestados. A princípio, os pais de Bebel deram no máximo uma olhadela naquela situação, até que ela começou a puxar a guia em direção ao parquinho. Foi preciso pegá-la no colo. Que nada! Não adiantou. A cadelinha começou a chorar na voz dos cães.
Diante de tal situação, restou aos pais de primeira viagem atender ao pedido da mimada. Não demorou, lá estava a Bebel correndo de um lado para outro com aqueles novos amiguinhos, feitos naquele exato momento. Eram eternas crianças em forma de cachorro.
A tarde se esvaiu diante dos olhos cada vez mais admirados do casal. A energia da Bebel parecia sem fim. A mulher ainda tentou chamar pela filha, mas sem sucesso. A buldogue não lhe dava ouvidos, tamanha a euforia vivida.
_ Bebel! Bebel! Bebel! Vem com a mamãe! Amanhã a gente volta!
_ Meu amor, a nossa menina parece que é inimiga do fim.
- Nota de esclarecimento: O conto "Bebel, a inimiga do fim" foi publicado por Notibras no dia 15/12/2023.
- https://www.notibras.com/site/filha-unica-buldogue-conhece-e-brinca-com-irmaos-humanos/
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