Já na calçada, o velho caminhou até o Mercado Público, onde sabia que o preço era mais atrativo, especialmente naquela época do ano, onde tudo custava os olhos da cara. Observou a multidão tentando engalfinhar os diversos produtos, como se fosse a última chance de conseguir algo único, apesar das centenas de réplicas logo ali ao lado. Estacou em frente a uma das bancas, onde se assustou com o preço da iguaria das mais gaúchas.
_ Dois quilos, por favor.
Enquanto esperava, notou dois moleques sorridentes carregando uma caixa contendo uma árvore de Natal, dessas de montar. Tudo de plástico, nenhum cheiro de pinheiro de verdade. Isso, aliás, o transportou para o seu longínquo tempo de criança. Tanto tempo, que imaginou que se tratava de apenas mais um devaneio, como se aquilo jamais pudesse ter existido.
Nessa época, era apenas um menino. Talvez dez, onze anos. O importante é que se lembrava de que era apenas um garotinho, não mais que isso. Diante de sua avó, ele prestava atenção nas histórias de outros natais, bem mais antigos que todos os que ele havia vivido. Enquanto escutava a agradável voz daquela velha, o então menino grudava pedaços de algodão naquele pequeno pinheiro, como se fossem flocos de neve. Tudo isso lhe parecia ridículo hoje em dia, mas era uma diversão naquela época tão distante. Um sorriso emoldurou a face enrugada do agora velho, que, logo em seguida, foi despertado por uma voz áspera.
_ Aqui está o seu pinhão!
- Nota de esclarecimento: A crônica "O velho, o Natal e o pinhão" foi publicada pelo Notibras no dia 25/12/2022. A pedido da redação do jornal, o texto sofreu pequena alteração para que a história se passasse no Distrito Federal.
- https://www.notibras.com/site/cesta-de-pinhao-resgata-natal-da-infancia-feliz/
Arthur, muito obrigado!!! Sempre é muito bom receber elogios!!! Forte abraço!!!
ResponderExcluirBom dia, Eduardo. Venho ao seu blog por uma indicação do Arthur. Gostei da crônica. Nos tempos atuais perdeu-se a magia e a inocência do Natal. Bom é confraternizar, mas muitos esquecem do aniversariante.
ResponderExcluirParabéns.
Patricia, não sei se exatamente o natal perdeu a magia, mas vejo que até a minha visão em relação a ele mudou muito desde meus tempos de menino. Talvez eu esteja ficando velho... Muito obrigado!!! Abração!!!
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