quarta-feira, 26 de julho de 2023

Os Três Mosqueteiros

    

    Não faz muito tempo, fui convidado pelo José Seabra para enviar crônicas para serem publicadas pelo Notibras. Mandei uma, depois outra e a coisa foi ganhando uma proporção que não imaginei, mesmo porque se trata de um jornal que possui um quadro respeitável de profissionais. Só para destacar alguns, aqui estão Mathuzalém Júnior e Wenceslau Araújo. E essa história se passou justamente com eles, o Seabra e comigo.

    Eu poderia começar dizendo que não me lembro do dia em que isso aconteceu. No entanto, as minhas pernas ainda tremem só ao recordar da recente sexta-feira, 21/07/2023. É que o Seabra havia me convidado para tomar um café gourmet e, assim que cheguei a uma concorrida padaria da Asa Norte, eis que me deparei com três setentões gargalhando, como que despreocupados com os diversos clientes do local. 

    Timidamente me aproximei e fui recebido por um esfuziante Seabra, que, todo sorriso, me apresentou aos mestres da escrita Mathuzalém e Wenceslau. Gaguejando mais do que de costume, tentei passar a melhor impressão àquelas lendas vivas do Jornalismo. Procurei escolher as melhores palavras, que, obviamente, não vieram, pois estavam todas com os três à minha frente. 

    Conversa vai, conversa vem, procurei não queimar a língua. Aliás, mantive-a bem dentro da minha boca, que apenas abria para sorver mais um gole do meu fumegante café sem açúcar. Melhor assim, mesmo porque essa foi uma oportunidade de ouro para escutar tantos e tantos causos daquele trio. Um, em particular, vale a pena contar.

    Pois bem, segundo me lembro do que ouvi, lá estavam aqueles Três Mosqueteiros do Cerrado cobrindo um concorrido velório de uma figura muito importante da Brasília dos anos 1970, início dos 1980. Defunto devidamente enterrado, eis que o Seabra, talvez mais atento aos pormenores, percebeu que a viúva estava inquieta. 

    Perspicaz como ele só, logo ligou seu olfato de perdigueiro e, com um sinal quase imperceptível, chamou a atenção dos seus companheiros de labuta. Os três, chacoalhando suas calças boca-de-sino, foram ao encalço da viúva, que mal se despediu dos presentes e, apressada, entrou em um Galaxy preto. O veículo cantou pneu e, por pouco, não deixou os jornalistas para trás.

    Certos que estavam que a mulher seguiria direto para a mansão localizada no Lago Sul, quase caíram das tamancas quando perceberam que o luxuoso automóvel rumava para o Núcleo Bandeirante, famoso por seus motéis. E foi justamente em um deles que o Galaxy entrou. Diante de tamanho acontecimento, os três se sentaram em uma mesa de bar quase em frente àquele treme-treme e passaram o final de tarde, início da noite, madrugada adentro até o alvorecer esplêndido do astro-rei na capital. 

    Já perto do meio-dia, eis que o Galaxy desponta na saída daquele parque de diversões impróprio para menores. Não demorou, o veículo tomou a estrada adiante, mas logo pegou o primeiro retorno. Enquanto o carango passava diante dos olhos dos jornalistas, a viúva, talvez ciente de ser vigiada por aquela trupe, girou a manivela para descer o vidro e, em seguida, tascou um beijo na boca do motorista. 

        _ E vocês, obviamente, escreveram sobre isso.

        _ Não, Dudu. 

        _ Não? Mas por quê, Wenceslau?

        Nesse momento, os três olharam para mim e, em uníssono, quase gritaram.

        _ Dudu, o que acontece no Núcleo Bandeirante fica no Núcleo Bandeirante.

  • Nota de esclarecimento: A crônica "Os Três Mosqueteiros" foi publicada pelo Notibras no dia 26/07/2023.
  • https://www.notibras.com/site/dudu-como-dartagnan-ouve-historia-dos-3-mosqueteiros/

Benjamin, o dorminhoco

    A gritaria tomava conta do parquinho, repleto de crianças correndo de um lado para o outro. Todas animadas por mais uma manhã ensolarada. Isto é, menos o pequeno Benjamin, que não descia do colo da mãe nem quando lhe ofereciam um algodão doce. Preferia o aconchego, pois gostava mesmo é de dormir. E como dormia aquele garoto!

    A mãe, preocupada com o comportamento do menino, até o levou ao médico. Este logo suspeitou de anemia falciforme. Mas que nada! As hemácias do pirralho eram mais circulares que um bambolê. Fizeram outros  exames no Benjamin, pensaram até que ele fosse autista ou sofresse de alguma doença rara. Ele era saudável. O doutor, para não ficar com cara de bobo, disse que o garoto sofria de preguiça crônica. A mãe, que precisava de um diagnóstico, ficou satisfeita com o que ouviu. 

    Benjamin cresceu um tanto, e a preguiça parece que aumentou em progressão geométrica. Nada parecia fazer com que ele se animasse, nem mesmo quando chegou o tempo da discoteca, quando todos os jovens da rua corriam para a pista de dança. E foi justamente nesse tempo em que o agora adolescente trocou os primeiros olhares com Clarice, uma bela garota de cílios tão negros, que todos os rapazes se esqueciam do resto. 

   Quase apaixonado, Benjamin até tentou lutar contra a própria natureza. Todavia, todas as vezes em que se esforçava para se animar a vestir a melhor roupa pro baile, eis que uma força ainda maior o puxava de volta para a cama. Quando muito, passava as tardes na sala, quase sempre esparramado no sofá. Mesmo assim, essa vontade irresistível de se manter deitado não foi o suficiente para impedi-lo de estudar, se formar e arrumar um excelente emprego em uma grande empresa de informática.

   Nem precisava sair de casa, pois resolvia todos os problemas de forma remota. Sentado em uma ampla poltrona toda acolchoada, o preguiçoso conseguiu triplicar o faturamento da empresa. Isso foi mais que bastante para lhe garantir o cobiçado posto de vice-presidente.

   Lá pelos 30, com dinheiro suficiente para uma vida inteira de luxo, Benjamin parecia um homem realizado. Mudara para uma ampla casa, repleta de cômodos, alguns até onde ele jamais havia colocado os pés.  Morava com a mãe, agora uma senhora de quase 70, que gostava de receber as amigas para o chá. 

    Foi justamente num desses eventos que Benjamin voltou a trocar olhares com a agora mulher de cílios negros. Clarice acompanhou a tia, que era amiga da mãe de Benjamin. Tomou chá com as velhas na ampla mesa no jardim cheio de flores exóticas, bem em frente à piscina em forma de violino. 

   Não se sabe como, mas Benjamin não resistiu ao charme daquela mulher e, então, foi lhe fazer companhia. Sorrisos daqui, sorrisos de lá, Clarice se sentiu atraída pelas olheiras daquele homem. De tão encantada, aceitou o convite de ir visitá-lo na semana seguinte. 

   Cada vez mais envolvidos, os pombinhos, agora enamorados, oficializaram o romance em uma grande festa. No dia seguinte embarcaram rumo para a maravilhosa João Pessoa, onde se hospedaram em um badalado hotel em frente à praia. Benjamin, percebendo a alegria da esposa, foi tomado de uma euforia e os dois se amaram até a manhã seguinte. 

    O casal despertou ainda abraçado. Tomaram o café da manhã ali mesmo naquela ampla cama. O barulho das ondas chegava aos ouvidos de Clarice e Benjamin. Ela se levantou e abriu a janela, o que fez com que aquele cheiro irresistível da maresia tomasse todo o quarto. A mulher desejou ir até a praia, pisar naquela areia branquinha, sentir a água nos pés. 

    _ Amorzinho, vamos dar uma voltinha?

    _ Hum... Prefiro fazer caminhada no travesseiro. 

  • Nota de esclarecimento: O conto "Benjamin, o dorminhoco" foi publicado pelo Notibras no dia 11/8/2023.
  • https://www.notibras.com/site/benjamin-o-sedentario-e-eterno-dorminhoco/

terça-feira, 18 de julho de 2023

Aloísio, o viúvo

 

   Aloísio, ao completar seus 90 anos, não conseguia enxergar motivos para comemorar. Há pouco havia perdido sua companheira por mais de meio século, que sucumbira ao câncer após anos de luta. Sozinho naquele amplo apartamento, mal recebia visitas, já que todos os últimos amigos padeciam de alguma enfermidade em decorrência de tamanha longevidade.

    Petrônio, o único que de vez em quando arriscava uma caminhada até a residência do Aloísio, muitas vezes nem se lembrava de algo para dizer. Não que fosse um ser desprovido de afeto ou empatia. Pelo contrário, até o próprio Aloísio seria capaz de sair em defesa do amigo. Essa falta de memória se devia ao Alzheimer, que nos últimos anos cismava em acompanhar o Petrônio. 

    Desanimado com tudo, Aloísio estava decidido a se matar. Mas esse seu intuito acabou por não se concretizar. É que o velho, de tão religioso, temia acabar indo pro inferno, assim como todos os suicidas. Abriu uma garrafa de vinho e perdeu os sentidos no amplo sofá da sala. 

    Acordou com uma ressaca daquelas. Há tempos não bebia tanto. Por um instante sentiu certo alívio da esposa ter morrido. Não que ela também não bebesse de vez em quando. Todavia, a velha não suportava quando o marido perdia a linha. 

    Levantou-se do sofá. Não que preferisse fazer outra coisa além de adormecer e nunca mais acordar. Mas a bexiga, tão envelhecida quanto ele, estava repleta. 

    Diante do vaso sanitário, Aloísio se esforçava para urinar. O líquido amarelo escorria fraco, alguns pingos caíram na borda da privada. Nada mais daqueles jatos firmes de décadas atrás. Nem puxando pela memória, o velho se recordava da última vez que havia usado suas partes para outras tarefas além de fazer xixi. 

    Resolvido o problema da bexiga repleta, Aloísio vasculhou a caixinha de medicamentos. Nada de analgésico para aliviar a dor de cabeça, que ainda persistia. Apesar de desanimado, teve coragem suficiente para pegar a carteira, calçar os sapatos e sair.

    A farmácia era logo ali. Entretanto, era dia de feira. Aloísio, mesmo a contragosto, teve que passar por aquela algazarra, quando ouviu algo que o animou. Eram duas senhoras, não mais de 60 anos, que conversavam animadas. 

     _ Quanto mais murcho, melhor!

   Aloísio estufou o peito e quase desfilou em frente daquelas duas. A  dor de cabeça parecia ter desaparecido por completo. Mal sabia o velho que aquelas mulheres estavam se referindo a jenipapo. 

  • Nota de esclarecimento: O conto "Aloísio, o viúvo" foi publicada pelo Notibras no dia 27/7/2023.
  • https://www.notibras.com/site/ouvir-falar-de-jenipapo-murcho-eleva-moral/


quarta-feira, 12 de julho de 2023

Um carioca em Porto Alegre

    Sepúlveda despontou do útero da sua mãe ali na rua Bueno de Paiva, no pitoresco bairro do Méier, na esplendorosa cidade do Rio de Janeiro. Deu seus primeiros passos por ali mesmo, o que lhe garantiu o sotaque mais característico da Cidade Maravilhosa, muito diferente daquele dos que habitam a Zona Sul.

    Estufava o peito para falar de onde era: "Méier!!!" E assim prosseguia na sua saga de suburbano, com hábitos típicos como fazer aquela fezinha no bicho, batucar um samba com as pontas dos dedos no trem durante o trajeto pro trabalho, parar diante da banca de jornal para se inteirar das últimas notícias, até mesmo daquelas que não fariam a menor diferença na sua vida como, por exemplo,  que o protagonista da novela das oito havia flagrado a amada com outro na cama. 

   Ao chegar ao trabalho naquela segunda-feira, recebeu um comunicado da Aurora, sua colega de seção. O chefe queria falar urgentemente com ele. Sepúlveda, curioso como ele só, quis logo saber do que se tratava. Aurora, no entanto, disse que não fazia a menor ideia, já que o Amílcar, o chefe, não era de falar muito além do necessário. 

    O suburbano balançou a cabeça de um lado pro outro, até que, quase decidido, foi conferir o motivo pelo qual havia sido intimado. Parou diante da porta do Amílcar. Observou o verniz gasto e, indeciso, tomou coragem e deu dois leves toques na madeira. Entrou.

    A primeira coisa que notou foi o quadro bem à sua frente. Amílcar, um apaixonado por arte, não poupava esforços para adquirir obras de famosos pintores. Pois é, Sepúlveda estava diante de um Van Gogh! Quase original, é verdade! 

    A conversa demorou por volta de uma hora. Sepúlveda seria promovido a gerente de uma filial em Porto Alegre, que ele não fazia ideia de onde ficava. O homem, que era um exímio fazedor de contas, sempre tivera notas sofríveis em geografia. Seja como for, aceitou de pronto a missão, mesmo porque o salário iria mais que dobrar. 

  Não demorou muito, Sepúlveda e a esposa, Adelina, desembarcaram na rodoviária da capital gaúcha.  A princípio, ficaram surpresos, pois sentiram tanto calor, que foram obrigados a retirar os grossos casacos. Desconheciam que os verões de Porto Alegre eram como os do Rio de Janeiro. 

   Sepúlveda e Adelina foram morar no bairro Menino Deus, bem próximo da filial. Ele caminhava algumas centenas de metros até o trabalho todas as manhãs. Por sua vez, ela tentava se adaptar à nova rotina. Por volta do meio-dia, os dois almoçavam, enquanto Sepúlveda contava sobre as gírias gaúchas que aprendera com os subordinados. Os dois riam e, de brincadeira, repetiam algumas.

    _ Acho que vou lagartear o resto do dia.

    _ Pois estou pensando em adotar um cusco. 

    _ Capaz!

    De tanto caçoarem dos gaúchos, não tardou e já usavam tais palavras sem se darem conta. Todavia, Adelina, talvez por pudor, continuava chamando pão de pão. Afinal, não conseguia se acostumar com o nome usado pelos gaúchos para tal iguaria; cacetinho. 

    Apesar dos percalços da mudança para uma nova cidade, tudo parecia bem para o casal. Sepúlveda, cada vez mais entrosado com os companheiros de labuta, conseguiu aumentar o faturamento da firma. Adelina, por sua vez, fizera amizades, que lhe garantiram reduzir a saudade da Cidade Maravilhosa. 

    Tudo parecia bem, até que começou o rigoroso inverno porto-alegrense. Os dois sofreram horrores, mas Adelina começou a ficar deveras deprimida, até que, durante um almoço, reclamou com o marido. Queria porque queria voltar pro Rio de Janeiro. Ele ainda tentou convencê-la do contrário, mas nada tirava tal ideia da sua cachola. 

    _ Sepúlveda, quem gosta de frio é pinguim e picolé!

    No dia seguinte, a mulher fez as malas e retornou para o calor do Méier. Por algum tempo sentiu falta do amado. No entanto, a qualquer recaída, bastava recordar do gélido inverno de Porto Alegre para que o rosto de Sepúlveda fosse desaparecendo do seu coração. Depois de alguns meses, desapareceu por completo.

    Numa sexta-feira, lá estava o Sepúlveda finalizando mais uma grande negociação na filial, quando um colega de trabalho, o Asdrúbal, lhe convidou para um churrasco em sua casa no domingo. Ele aceitou de pronto. Asdrúbal fez questão que o chefe levasse a esposa. Sepúlveda, apesar de continuar com aquele sotaque carregado tão característico do Méier, já estava tão adaptado à cidade, que nem percebeu quando respondeu.

    _ Vou só.

    _ Por quê?

    _ Quebramos os pratos!

  • Nota de esclarecimento: A conto "Um carioca em Porto Alegre" foi publicada pelo Notibras no dia 22/8/2023. Por uma solicitação da redação do jornal, foi feita pequena alteração no texto para que a história tivesse algo a ver com o Distrito Federal.
  • https://www.notibras.com/site/por-que-cargas-dagua-um-carioca-do-df-prefere-poa/

    

    

        

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Joca e Angelique

    Não se sabe ao certo se aquele homem havia encontrado aquela cachorra ou, então, se foi justamente o contrário. Isso, aliás, nem importa, já que, desde que um colocou os olhos sobre os olhos, algo parece os ter de tal forma, que era difícil imaginar que um dia haviam vivido separados, ainda mais depois de anos viajando pelas estradas em busca de trabalhos temporários.

    Joca, lá com seus quase 50, nem mais ligava se a enorme Angelique babasse todo o banco de seu carro. Não que no início tal característica da cadela não o incomodara, mas acabou percebendo que uma forte base de amizade é formada justamente assim. Pois é, amigos toleram as falhas dos amigos simplesmente porque são amigos. Ele, com certeza, também possuía lá as suas, mas estas jamais foram postas à mesa pela companheira babona.

    Beberrão sem muitas preferências, Joca não fazia cerimônia e, não raro, metia o pé na jaca. Angelique, mais sábia que o amigo, escondia as chaves da camionete. O homem nem questionava a companheira, mesmo porque não queria se encrencar, mais uma vez, com a lei. Acabava adormecendo no banco do carro, enquanto Angelique fazia a guarda.
    
    Ao amanhecer, o homem era despertado pelos raios solares e, antes que pudesse abrir os olhos, recebia várias lambidas no rosto. Joca soltava um arre, mas logo trocado por afagos. Era hora de tomar um belo café da manhã. E lá ia ele, acompanhado daquela ressaca, buscar algo para comer na vendinha mais próxima. 

   Apesar das inúmeras histórias vividas por aquela dupla, uma, talvez, seja a mais interessante. Pois bem, lá estava aquele homem entorpecido por mais uma bebedeira. Os vidros da camionete estavam fechados e, provavelmente por conta disso, a enorme cachorra deve ter se embriagado pelo hálito etílico do amigo. Ela adormeceu, enquanto a proteção daquela dupla ficou a cargo de algum anjo da guarda de plantão, caso houvesse um naquela cidadezinha do interior da Bahia.

        A velha camionete, estacionada sobre a proteção de uma linda mangueira, que ficava em frente à única agência bancária da cidade, fez com que Joca e Angelique prolongassem a soneca até mais tarde. Enquanto isso, quatro homens chegaram em outra camionete e estacionaram justamente ao lado. Três deles entraram no banco e, logo em seguida, saíram levando alguns malotes abarrotados de dinheiro. Jogaram tudo na caçamba do veículo e fugiram, muito antes da polícia chegar.

        Joca e a sua amiga acabaram despertando por conta da balbúrdia que se formou justamente ali. O homem soltou aquele arre costumeiro e, então, ligou a camionete e foi buscar outro local para continuar no mundo de Morfeu. Acabou pegando a estrada e só parou a mais de 200 quilômetros da pequena cidade. 

        Meteu a camionete numa estradinha de chão e, debaixo de uma árvore, dormiu até que a barriga começou a roncar mais alto que a Angelique. Era hora de comer. No entanto, a bexiga cheia lhe mostrou que havia uma necessidade mais urgente. 

    Saiu do carro e foi se aliviar atrás da caçamba quando, então, percebeu que haviam alguns malotes ali. Abriu um, abriu outro, abriu todos. O homem se viu rico. Tão rico, que nunca mais se ouviu falar dele nem da Angelique. Todavia, dizem por aí que continuam juntos, pois a velha camionete, vez ou outra, fica com todos os bancos cheios de baba.
  • Nota de esclarecimento: O conto "Joca e Angelique" foi publicada pelo Notibras no dia 7/7/2023.
  • https://www.notibras.com/site/assalto-a-banco-deixa-desempregado-milionario/